PRATOS TÍPICOS E UTILIZAÇÃO DE ERVAS
Na Roça Itaussu, a culinária tradicional e o uso ancestral das ervas sagradas ocupam um lugar de destaque. Mais do que alimentar o corpo, nossos pratos típicos e nossas folhas alimentam a alma, a memória e a espiritualidade.
Ao longo do ano, realizamos vivências e partilhas que envolvem a preparação de alimentos tradicionais do Candomblé, resgatando receitas que carregam histórias, significados e oferendas aos Orixás, Voduns e Inkices. Cada prato é expressão viva de fé, cultura e identidade.
Da mesma forma, promovemos rodas de saberes e práticas sobre a utilização de ervas — tanto em banhos, defumações e rituais, quanto em chás e usos terapêuticos. A Roça Itaussu preserva e transmite esse conhecimento com respeito e dedicação, reconhecendo o poder das folhas como ferramenta de cura, equilíbrio e conexão com o sagrado.
Essas ações buscam não apenas manter viva a tradição, mas também educar e aproximar a comunidade desses saberes que fazem parte da base do Candomblé e da cultura afro- brasileira.
Na Roça Itaussu, cozinhar e cuidar com folhas é também rezar, ensinar e resistir. É afirmar, com cada gesto, que a ancestralidade segue viva em nossas mãos, nossos pratos e nossas matas.
Tata Kivanda Flavio teve seu primeiro contato com as panelas dentro do terreiro da Roça Itaussu, onde aprendeu que cozinhar é mais do que alimentar: é cuidar, é oferecer, é manter viva uma tradição. Foi nesse ambiente sagrado que nasceu sua paixão pela gastronomia — uma paixão que o levou à faculdade, onde pôde aprofundar seus conhecimentos técnicos e acadêmicos.
Durante o curso, um dos trabalhos mais significativos foi sobre as comidas de santo, uma pesquisa que uniu a vivência espiritual à formação profissional. A cozinha de axé, com seus fundamentos, ritos e ingredientes carregados de simbolismo, se transformou em ponto de partida para uma trajetória de valorização das culturas afro-brasileiras também no campo da alimentação.
Hoje, Tata Kivanda Flavio faz da gastronomia sua profissão e meio de subsistência. Atua com responsabilidade, respeito e amor pelas raízes que o formaram, levando à mesa não apenas pratos, mas histórias, memórias e resistência ancestral. Sua cozinha é território de fé, cultura e dignidade.